segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Autor do mês- José Eduardo Agualusa


 
 
José Eduardo Agualusa é um escritor angolano nascido em Huambo a 13 de dezembro de 1960. Define-se como um angolano em viagem, quase sem raça, que gosta do mar e de um céu em fogo ao fim da tarde. Assumidamente viajante, os seus compromissos profissionais, literários e editoriais levam-no a repartir-se entre Portugal, Angola e Brasil, por isso, considera que, a nacionalidade nada tem a ver com o lugar onde se nasce. A identidade é determinada pela continuidade da viagem A semelhança da sua obra, “A vida no Céu” concorda que o apelidem de nefelibata- alguém que vive nas nuvens. Os aviões levam-no ao céu e a escrita, muita redigida durante a viagem faz com que ande sempre com a cabeça nas nuvens. Estudou agronomia e silvicultura, em Lisboa, mas a sedução pelas letras sobrepôs-se e condicionou as suas opções profissionais, acabando por se dedicar ao jornalismo e à escrita. Presentemente faz da escrita a sua profissão, tudo se deveu ao gosto pela leitura. Considera que foi a leitura de Eça de Queirós a quem dedicou a obra “Nação Crioula”, que primeiro o motivou para a escrita. Jorge Luís Borges, escritor latino-americano, foi outra influência assumidamente reconhecida. Considera a escrita uma diversão,  mas também lhe reconhece a faceta pedagógica, pois, acredita que a escrita pode transformar o mundo. É um escritor multifacetado que se movimenta através do romance, do conto, das novelas, das crónicas ou das peças de teatro, num estilo, marcado pela simplicidade, clareza e ritmo. Cultiva o gosto por  uma escrita musical e com ritmo «O ideal é que tudo pudesse ser cantado no texto que escrevo» declara. Os temas dos seus livros retratam uma realidade  que tão bem conhece: a realidade angolana, a guerra colonial, o pós-guerra, os abusos de poder, a luta diária de um povo que luta pelos seus  mais básicos direitos,  a miséria dos mais desfavorecidos, contraposta com a corrupção das  minorias, incluindo a da classe política Agualusa não hesita em afirmar que a sua obra é influenciada pelas suas vivências culturais e pessoais, tudo o que o rodeia pode servir-lhe de inspiração, desde a letra de uma canção, a cena de um filme, uma passagem de um livro ou o simples estado da natureza. Por isso, todos os seus livros têm a marca das suas deslocações espaciais, é como se a luz dos lugares se refletissem nos livros, como se de uma espécie de geografia do ambiente se tratasse. O reconhecimento do seu trabalho, onde já constam cerca de 25 títulos  e da sua obra mereceram-lhe a tribuição de várias bolsas de criação literária e o recebimento  de vários prémios. De referir também que muitos dos seus títulos já foram adaptados ao cinema, nomeadamente o Vendedor de Passados.

Para os jovens  que queiram ser escritores faz apenas uma recomendação, com base  no seu testemunho pessoal:

«O principal é ler muito. Eu sou uma pessoa feliz hoje porque sou escritor. É uma atividade maravilhosa ver um livro ser construído, de repente tudo começa a fazer sentido. É absolutamente maravilhoso. Aconselho, a qualquer jovem, que insista. Primeiro é ler muito. Segundo nunca perder a paciência, nem a vontade de continuar, mesmo que em princípio pareça difícil. Quando fazemos o que quer que seja com paixão acabamos por fazer bem. E os livros bons acabam sempre por encontrar seus leitores».