sexta-feira, 6 de maio de 2016

O Dia da Espiga- Contextualização

 Um breve apontamento sobre a comemoração do  Dia da Espiga e  que serviu de base às explicações dadas pelos monitores/colaboradores da BE-A quando ofereceram o "Ramo da Espiga", na comunidade educativa.


O Dia da Espiga, coincidente com a Quinta-feira da Ascensão, é uma data móvel (40 dias depois da Páscoa) que segue o calendário litúrgico cristão.
Atualmente poucas são as pessoas que ainda vão ao campo nessa quinta-feira para apanhar a espiga, ou que se deslocam às igrejas para participar nos preceitos religiosos próprios da data, tempos houve em que, de norte a sul do país, esta foi uma data faustosa, das mais festivas do ano, repleta de cerimónias sagradas e profanas, que em muitas zonas implicava mesmo a paragem laboral.
A origem gaudiosa deste dia é, contudo, muito anterior à era cristã. Este dia é um herdeiro direto de rituais antigos, realizados durante séculos, por todo o mundo mediterrâneo, em que grandiosos festivais, de intensos cantares e danças, celebravam a primavera, consagravam a natureza e
se exortava o eclodir da vida vegetal e animal, após a letargia dos meses frios, e a esperança nas novas colheitas.
Particularmente, quando na Grécia Antiga se efetuavam as celebrações (estabelecidas pelos deuses da Antiguidade) em louvor de Deméter (a Ceres dos Romanos), deusa da agricultura e das searas, e de sua filha Perséfone (em Roma Prosérpina), deusa do trigo, da germinação, dos rebentos e das folhas. As Festas Demétrias, ou Grandes Eleusínias, realizadas na Primavera na cidade de Elêusis, representavam a subida de Perséfone à Terra, correspondendo à época das colheitas, vestindo-se o solo de verdura e de flores para a receber. As Pequenas Eleusínias, celebradas no Outono, expressavam a descida da deusa ao Inferno, retratando a introdução das sementes na terra.
O Dia da Espiga é então o dia em que as pessoas vão ao campo apanhar a espiga, a qual não é apenas um viçoso ramo de várias plantas - cuja composição, número e significado de cada uma, varia de região para região –, guardado durante um ano, mas é também um poderoso e multifacetado amuleto, que é pendurado, por norma, na parede da cozinha ou da sala, para trazer a abundância, a alegria, a saúde e a sorte. Em muitas terras, quando faz trovoada, por exemplo, arde-se, à lareira, um dos pés do ramo da espiga para afastar a tormenta.