segunda-feira, 12 de maio de 2014

Autor do mês- Eugénio de Andrade


Eugénio de Andrade (pseudónimo de José Fontinhas) nasceu em 19 de Janeiro de 1923 em Póvoa de Atalaia, Fundão, no seio de uma família de camponeses, «gente que trabalhava a pedra e a terra».
Repartiu a sua vida académica e profissional pelas cidades de Castelo Branco, Coimbra, Lisboa e Porto, sendo nesta cidade que acabou por fixar residência e, onde foi criada em 1991 a Fundação Eugénio de Andrade. Esta instituição, para além de ter servido de residência ao poeta, tem como principais objetivos o estudo e a divulgação da obra do autor assim como a organização de diversos eventos como, por exemplo, lançamentos de livros, recitais e encontros de poesia.
O gosto pela leitura manifestou-se desde cedo, passando muito tempo em bibliotecas públicas o que lhe permitiu contactar e descobrir vários autores. Foi um viajante, ao longo da vida, o que lhe permitiu participar em vários eventos e travar amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeiro, contudo, apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana.
Eugénio de Andrade publica o seu primeiro livro de poesia Adolescente, em 1942 e, em 1944, fazem-se as primeiras traduções de poemas seus, para francês e, em 1945, a Livraria Francesa publica o seu livro Pureza. Contudo, só em 1948, quando publica As Mãos e os Frutos, alcança o sucesso. Publicou mais de duas dezenas de livros de poesia. Obras em prosa, antologias, álbuns, livros para crianças e traduções para português de grandes poetas estrangeiros... Eugénio de Andrade é, realmente - a par de Pessoa - o poeta português mais divulgado no mundo. O tema central da sua poesia é a figuração do Homem, não apenas do eu individual, integrado num coletivo, com o qual se harmoniza (terra, campo, natureza - lugar de encontro) ou luta (cidade - lugar de opressão, de conflito, de morte, contra os quais se levanta a escrita combativa). A figuração do tempo é essencial na poesia de Eugénio de Andrade. A evocação da infância, em que é notória a presença da figura materna e a ligação com os elementos naturais, surge ligada a uma visão eufórica do tempo, sentido sempre retrospetivamente. A essa euforia contrapõe-se o sentimento doloroso provocado pelo envelhecimento, pela consciência da aproximação da morte. Quando se refere ao período da adolescência e da idade madura a sua poesia caracteriza-se pela presença dos temas do erotismo e da natureza, assumindo-se o autor como o «poeta do corpo». Os seus poemas, geralmente curtos, mas de grande densidade, e aparentemente simples, privilegiam a evocação da energia física, material, a plenitude da vida e dos sentidos. A consagração e o reconhecimento da sua obra está bem patente nos inúmeros prémios que recebeu: Pen Clube (1986), Associação Internacional dos Críticos Literários (1986), Dom Dinis (1988), Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1989), Jean Malrieu (França, 1989), APCA (Brasil,1991), Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (República da Sérvia, 1996), Prémio Vida Literária atribuído pela APE (2000) e, em maio de 2001, o primeiro prémio de poesia "Celso Emílio Ferreiro" atribuído em Orense, na Galiza. Em 2001, a 10 de maio, Eugénio de Andrade foi homenageado na Universidade de Bordéus, tendo sido considerado um dos mais importantes escritores do século XX. Em 2001 foi também galardoado com o Prémio Camões.